Diário C.W. 22 de março (de 1736)

Segunda-feira, 22 de março (de 1736)1

Enquanto estava persuadindo o Sr Welch a não se preocupar tanto com essas turbulências, ouvi a Sra Hawkins gritar “assassino!” e me afastei dali. Quando voltei do passeio na floresta, fui informado pelo Sr Welch que a desgraçada cabeça-dura Sra Welch se havia unido a Sra Hawkins, juntamente com o demônio, nas calúnias contra mim. Eu não teria acreditado nisso se, a metade da cidade, não me houvesse contado a mesma coisa reclamando da ingratidão dela. Logo depois Haydon me disse que havia, educadamente, a informado que não toleraria que ela entrasse no acampamento e que ele mesmo iria carregar as garrafas para ela. Ela respondeu que entraria sim e, quando ele tratou de impedi-la abrindo os braços, quebrou uma das garrafas na cabeça dele. Ele a agarrou pelo braço, ela se debatendo sem parar e gritando “assassino!”. Hawkins, nesse momento, correu para ele e o atingiu. Ele o agarrou e jogou-o ao chão, colocou o pé sobre o peito dele dizendo que, se resistisse, iria enfiar sua baioneta nele. Mark Hird, o outro oficial de polícia, nesse meio termo, estava ocupado em segurar a Sra Hawkins, a qual, quebrou a outra garrafa na cabeça dele. Welch veio em seu socorro mas Davison , o oficial de justiça, queria que ele (Welch) ficasse fora do acampamento. Mesmo assim, ele o alcançou, tomou a arma de suas mãos e o golpeou com toda a força no lado e na face até que Haydon se interpôs e os separou. Welch, então, correndo deu uma baioneta para o doutor mas esta foi–lhe imediatamente tomada. A Sra Hawkins continuava gritando injúrias contra os pregadores e jurou vingança contra mim e meu irmão. Contudo o freio já está em sua boca.
Às três horas, levei a Sra Perkins até a presença da Sra Welch. Como a encontrasse muito perturbada (como um mar revolto), pensei que esta não era a ocasião apropriada para falar sobre o modo como me tratava. Perguntei-lhe se poderia fazer algo por ela ou seu marido, agora detido em razão de sua violência contra os oficiais. Suas injúrias me forçaram a deixá-la.
O Sr Hird me disse, logo depois, que havia seguido a Sra Hawkins até a casa dela e lhe recomendado que voltasse pacificamente para seu esposo e que não mais perturbasse a paz da comunidade. Sem que houvesse a menor provocação, ela pegou uma pistola e o ameaçou. Apontou a arma para ele mas foi agarrada antes que pudesse atirar. A pistola, a espingarda e outras armas foram apreendidas, e ela detida e colocada sob a guarda de duas sentinelas.]
Desanimado e cansado pela fadiga do dia, ansiei pela a verdadeira santidade e supliquei a Deus que me desse conforto através de sua Palavra. Então li, através da leitura indicada no lecionário: `Você, porém, homem de Deus, fuja de tudo isso e busque a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança e a mansidão. Combata o bom combate da fé. Tome posse da vida eterna, para a qual você foi chamado e fez a boa confissão na presença de muitas testemunhas`(1 Tim 6:11,12).
Antes do devocional da noite, fui caminhar com o Sr Ingham, o qual estava surpreso por eu não achar que minha inocência fosse suficiente proteção. Eu ainda não o tinha inteirado do que a Sra Welch me havia confidenciado. À noite fui forçado a trocar minha cama, que normalmente era o chão, por um baú, pois estava quase sem voz e com um forte resfriado.

1 Esta entrada no diário não se encontra na edição de Thomas Jackson, de 1849. Foi publicada na edição de 1977, da « Methodist Reprint Society » ; Van Hooser Publications. Possivelmente porque estava criptografada. O parágrafo final está registrado como sendo do dia 21 de março e não 22 de março, na edição de 1849.


O diário do Rev. Charles Wesley Tradução de trechos do original por Simei Monteiro The Journal of the Rev. Charles Wesley: Some Time Student of Christ Church, Oxford, to which are Appended Selections from His Poetry with an Introduction and Occasional Notes Autor Thomas Jackson - Editora Baker, 1980 mais informações